domingo, 11 de setembro de 2011

Poema

Oi gente, também já escolhi meu poema:

Acho tão Natural que não se Pense

Acho tão natural que não se pense 
Que me ponho a rir às vezes, sozinho, 
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa 
Que tem que ver com haver gente que pensa ... 
Que pensará o meu muro da minha sombra? 
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim 
A perguntar-me cousas. . . 
E então desagrado-me, e incomodo-me 
Como se desse por mim com um pé dormente. . . 
Que pensará isto de aquilo? 
Nada pensa nada. 
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem? 
Se ela a tiver, que a tenha... 
Que me importa isso a mim? 
Se eu pensasse nessas cousas, 
Deixaria de ver as árvores e as plantas 
E deixava de ver a Terra, 
Para ver só os meus pensamentos... 
Entristecia e ficava às escuras. 
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu. 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXIV" 
Heterônimo de Fernando Pessoa

Beijos, Juliana ;*


Um comentário:

  1. Esse Alberto Caeiro "né brinquedo não"! Não por acaso Fernando Pessoa o escolheu por seu mestre. Às vezes é bom mesmo não pensar, mas sentir, naturalmente sentir toda a natureza que vive,que pulsa, que renova as energias... E apreciar o verde, o azul, a terra, a água, o ar... E sentir que tudo isso é seu... E viver... E como o 14 Bis cantar: "Olhe, oooh, venha / Solte seu corpo no mundo / Dance cada instante / Brinque comigo de novo / Nessa estrada / Um pé nas nuvens / Outro pé noutro lugar / Uma saudade, uma viagem / Onde vai meu coração? / Saiba como ser livre / Todo momento da vida / Viva cada instante / Dia após dia, após dia...". É isso, Ju e toda a turma da dança! Viver bem, com alegria e originalidade, é fundamental! Abraços a todos! Leliane

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